Informações da Secretaria de Segurança do Distrito Federal em 2011
confirmam que os moradores da capital do país precisam se preocupar com o
ambiente virtual. Foram registrados, durante todo o ano passado, 221
estelionatos e 51 furtos mediante fraude. Uma possível explicação para a vulnerabilidade
dos internautas do DF é a crescente adesão de classes sociais menos
favorecidas,que estão aprendendo a lidar com o sistema de crédito.
“Tem muita gente que é inocente com o cartão de crédito.” Por exemplo,
vai pagar uma conta e deixa o atendente levar o cartão. “Se ele tiver com
má-fé, com uma simples fotografia tirada de celular, tem todos os dados
necessários para comprar na internet”, alerta Omar Jarouche, um dos
responsáveis pela pesquisa e coordenador da área de inteligência da Clearsale.
Ele acredita que esse motivo pode ter colocado os estados do Nordeste e do
Norte no topo do ranking.
Outro motivo da elevada incidência de fraudes no DF pode ser os
altos limites dos cartões de
crédito, avalia Geraldo Tardin, presidente do Instituto
Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec). “Na verdade, o
DF é mais visado porque o poder de compra é bastante expressivo. Como limite de
um cartão, a pessoa má-intencionada pode comprar vários itens de uma só vez”,
argumenta.
Fraudes como a de tentar comprar de um cartão clonado são
detectadas antes de finalizar a operação, quando o cliente digita os dados. Nesse
momento, um programa faz um cruzamento de informações para checar se as
características daquela aquisição são compatíveis com o perfil do consumidor. “Tudo
isso leva um segundo”. É nessa hora que detectamos as possíveis fraudes. Por
exemplo, uma compra que foi feita de uma máquina em São Paulo, com CPF do
“Rio Grande do Sul e a entrega no DF levanta o alerta que
aquele é um perfil de risco”, esclarece Jarouche.
Ele cita ainda casos de compras com diferentes cartões para o mesmo
endereço. “Nesse caso, temos que checar para ninguém sair no prejuízo”,
acrescenta.
A professora Maria Seleste Lima Vieira, 51 anos, conhece bem os
prejuízos causados quando o cartão passa por uma suspeita de clonagem. Uma
compra no valor de US$ 1,99 de uma página da web levou o banco a cancelar o cartão.
“Desconfiaram que ela não era minha, mas preferi assumir para não ter o cartão
cancelado e pagar mais R$ 38 por um novo. Meses antes, já tinham bloqueado pelo
mesmo golpe, mas como era uma compra de R$ 800, preferi cancelar o cartão”,
explica.
Proteção
A quantidade de fraudes no DF reacende a discussão da
necessidade de consumidores e lojistas se precaverem nas transações
relacionadas a comércio eletrônico. Como o espaço não é totalmente vigiado e
ainda precisa ser regulado, a internet se transformou em ambiente cobiçado para
atuação de fraudadores. Por isso, os lojistas precisam investir em tecnologias.
Antifraude e os consumidores ficarem mais atentos e evitarem comprar
em sites sem referência.
Uma das principais dicas de especialistas é que o consumidor
tenha o hábito de pesquisar na rede a opinião de outros internautas sobre os sites
de compras. “O cliente pode usar o meio que ele está comprando a favor dele,
pode ler comentários de fóruns, ver as reclamações dos outros e tirar a
conclusão se compra ou não”, orienta Leandro Missoli, especialista em direito
digital do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados.
O analista de sistemas Paulo Sérgio Júnior, 27 anos, adora
comprar na internet, já adquiriu de
torneiras para casa a celular e nunca teve problemas
relacionados a fraudes ou tentativa de cópia de dados. Para ele, buscar
referências do site é sempre o melhor caminho. Ele costuma consultar amigos e
fóruns na internet para evitar ser vítima de fraudes. “Comprar na internet é
muito mais vantajoso por causa do preço, mas se eu ler muitas reclamações e
souber de pessoas que sofreram calote, eu não compro”, conta.
Outra sugestão é que o consumidor preste atenção se a página do
site de vendas apresenta algum item de segurança, como aquele cadeado no canto,
que indica que a compra está criptografada e a transação está ocorrendo apenas entre
o computador do cliente e o servidor da empresa, sem interferência de uma terceira
máquina.
Para os mais desconfiados, algumas lojas têm no site selos
antifraudes, que certificam que a página é de confiança. Mas atenção: é preciso
clicar no ícone do selo para ver se ele é verdadeiro e não uma cópia fraudada.
Ao clicar, ele mostrará informações de segurança.
“O selo funciona como um alvará, ele é uma certeza de segurança
para o consumidor. Os hackers conseguem fazer cair a página, mas não conseguem
copiar nenhum dado. Empresas que não usam esse mecanismo demonstram total
desinteresse pelo seu comprador”, analisa Regina Salles Tupinambá, diretora
comercial da Certisign, líder do ramo de certificação digital.
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