Neste final
de semana começa o chamado “feirão” da Caixa, para fomentar as vendas de casas
financiadas pelo SFH. Só que o “mar de rosas” mostrado nas propagandas oficiais
só existe nas propagandas.
Tal qual
planos de saúde que fazem propagandas com crianças alegres e saltitantes, os
comerciais de financiamento só mostram pessoas com sonhos realizados. Porém a
realidade dos milhões de processos que tramitam no Judiciário, além das
reclamações e problemas relatados aos PROCON´s e nos escritórios do IBEDEC em
todo o Brasil.
São muitos
problemas relacionados a financiamentos negados, imóveis danificados, cobrança
de taxas de condomínio em atraso, imóveis ocupados e até atraso na entrega de
imóveis em construção.
Para evitar
estas dores de cabeça e tentar fazer com que o sonho vire realidade, o conselheiro
jurídico do Ibedec, Dr. João Paulo Barbosa, elaborou um Guia Rápido de Consulta
para os candidatos à compra de imóveis nos “feirões”:
1- Pesquise
o preço do imóvel - Procure avaliar outros imóveis à venda no mesmo prédio ou
conjunto, para saber o valor de mercado. Também vale pesquisar junto a
imobiliárias e corretores quanto ao preço médio do metro quadrado na região.
Para fazer um bom negócio, é preciso saber o valor médio de outros imóveis com
as mesmas características do que você pretende comprar e já determinar o valor
máximo que você pretende pagar pelo imóvel.
2- Pesquise
as Taxas de Juros – não é só a Caixa que faz financiamentos para habitação.
Todos os bancos do país fazem. E a taxa de juros varia conforme sua renda, o
valor do imóvel e o valor do financiamento. Pesquise e faça simulações em todos
os bancos para encontrar a melhor taxa. Fique atento ao CET que é o Custo
Efetivo Total do Financiamento, um percentual que mostra quanto o financiamento
vai custar incluindo todas as taxas administrativas e tributos cobrados pelo
banco. Nem sempre a menor taxa de juros é o melhor negócio. Para ajudar na
pesquisa, a internet é uma grande ferramenta, pois todos os bancos têm
simuladores on-line.
3-) Imóvel
ocupado – a maior fonte de problemas é quando o imóvel está ocupado. Procure a
informação no Edital ou nos prospectos de venda. Se estiver ocupado, o primeiro
conselho é que você não efetue a compra. Se mesmo assim você ainda estiver
determinado a arriscar fazer um bom negócio, seu primeiro passo é fazer uma
visita ao imóvel e tentar conversar com o ocupante sobre a situação dele e se o
mesmo vai ou não desocupar o imóvel amigavelmente. Se houver uma pré-disposição
para a briga por parte do ocupante, desista da compra, pois o processo de
retirada Judicial é bem demorado e pode até não acontecer. Além disto lembre-se
que existem custas judiciais e honorários de advogados caso necessite entrar na
Justiça.
4-) Conheça
o imóvel por dentro e faça uma vistoria detalhada antes de fechar negócio – é
muito comum, principalmente em imóveis ocupados, que ao tomar posse do imóvel o
comprador se depare com luminárias, armários, torneiras e até partes de gesso
arrancadas e que constavam quando da primeira visita. Então o caminho para
poder reclamar prejuízos, é fazer uma vistoria detalhada do imóvel que lhe foi
prometido e colher a assinatura da empresa que está vendendo. Isto vale como
prova para reclamações na Justiça e é obrigação do comprador repor os itens
faltantes ou indenizar o comprador em dinheiro.
5-) Guarde
todos os panfletos, anúncios e escritos feitos pelos vendedores – na Justiça
tudo vale como prova e o que é prometido vincula o fornecedor a cumpri-lo.
Então tudo que for objeto da negociação faça constar na proposta de compra,
inclusive prazos, taxas de juros, metragem do imóvel e outras despesas.
6-)
Proposta de compra com dependência de financiamento – não é possível a nenhum
vendedor prometer a aprovação de financiamento, porque tal aprovação dependerá
do preço do imóvel, sua renda, valor da entrada, valor financiado e
regularidade do seu cadastro. Se você depende de financiamento para comprar o
imóvel, não assine nenhum documento antes de verificar se seu crédito está
aprovado. Caso o vendedor lhe empurre um “pedido de reserva de imóvel” ou peça
para você deixar um “cheque caução”, com a promessa de que se o financiamento
não for aprovado o negócio está desfeito sem qualquer custo, não vacile, exija
tal compromisso por escrito, que pode ser até por uma simples frase colocada
nesta proposta: “Em caso de não aprovação do meu financiamento, serei
ressarcido imediatamente do que desembolsei de sinal ou do meu cheque caução,
não ficarei obrigado a pagar nenhuma taxa e devolução será no ato de minha
solicitação”. Se não tomar estes cuidados, é certeza de que terá que recorrer à
Justiça caso tenha o financiamento negado, pois a maioria das empresas cobra
multa.
7-) Dívidas
e condomínio – Se o imóvel que você vai comprar está pronto, novo ou usado,
procure se certificar de que não há outras dívidas pendentes, como condomínio e
IPTU. São dívidas de responsabilidade do antigo proprietário, que deverão ser
quitadas pelo banco ou pelo vendedor do imóvel, mas que se não estiverem pagas
vão ter o imóvel como garantia e a execução vai correr contra o atual
proprietário, que então terá que recorrer a Justiça para receber este dinheiro
do vendedor. É de suma importância que esta obrigação conste na proposta de
compra ou no contrato, inclusive prevendo a possibilidade de reter os pagamentos
ao vendedor enquanto houver pendências.
8-) Prazo
do Financiamento – quanto maior o prazo do contrato, mais juros você pagará
pelo imóvel. Se a taxa for de 10% ao ano, por exemplo, a cada 10 anos de
financiamento, você paga o valor de mercado de um imóvel só de juros, além de
correção monetária e o valor do próprio financiamento. Portanto, ao financiar
um imóvel em 30 anos, você pagará 4,5 vezes o valor de mercado do imóvel, entre
juros, capital e correção monetária. Ao financiar em 20 anos, você pagará 3,5
vezes o valor de mercado do imóvel. Sabendo disto, procure comprar o menor
imóvel dentro de suas necessidades atuais, dê o máximo de entrada possível, e
financie pelo menor prazo dentro de sua capacidade de pagamento. Lembre-se que
se atrasar três parcelas, seu imóvel será levado a leilão, você perderá tudo
que pagou e pode ainda ser surpreendido com uma dívida resultante do valor de
venda do imóvel ser inferior ao valor do saldo devedor do financiamento.
9-)
Composição de renda – é comum pais e filhos ou irmãos ou cunhados e até amigos
se unirem para compor a renda necessária para conseguir o financiamento. Só que
as pessoas tem que lembrar que ficarão obrigadas pelo pagamento da dívida até o
final, além do fato que sua renda estará comprometida para fins de financiar
outro imóvel no futuro. Imagine dois irmãos solteiros que financiem um imóvel
compondo renda. Se um casar e quiser comprar outro imóvel financiado, sua renda
terá que ser suficiente para pagar as obrigações dos dois imóveis, ou o banco
não liberará seu crédito. Portanto, antes de compor a renda com outras pessoas,
pense bem no tamanho do vínculo e da confiança que vocês terão por muitos e
muitos anos.
10-)
Comprometimento de Renda – não comprometa mais de 15% de sua renda com o
pagamento da primeira parcela do financiamento, e não caia na tentação de
comprometer 30% conforme muitos bancos orientam. Este cuidado é fundamental
para você conseguir honrar todas as parcelas do financiamento sem dificuldades.
Lembre-se que o prazo é muito longo, dificuldades e crises acontecem sempre e
com todos, e comprometer menos seu salário é caminho certo para não haver
surpresas desagradáveis no futuro.
11-)
Despesas da compra – escolhido o imóvel e aprovado o financiamento, lembre-se
que há despesas de escritura e ITBI para registrar a transação em cartório.
Estes custos podem chegar a 3% do valor de mercado atual do imóvel, portanto,
ou você tem que ter esta reserva em dinheiro, ou precisa já incluir estes
custos no financiamento. É uma despesa à vista e sem o seu pagamento o negócio
não se realiza.
12-)
Despachante imobiliário – está virando moda a utilização de despachante
imobiliário, com taxas muitas vezes até fixa nos contratos de venda. Saiba que
esta despesa não é obrigatória, a intervenção deste profissional não é
necessária, e você mesmo pode fazer todos os procedimentos burocráticos, o que
pode lhe tomar tempo, mas economizará cerca de R$ 500,00 a R$ 1.000,00 com esta
despesa.
Dr. João
ainda lembra que “estas são algumas dicas, dentre dezenas de problemas que
podem acontecer na compra de um imóvel. Na dúvida sobre qualquer situação,
procure o IBEDEC, ou o PROCON e oriente-se.
O IBEDEC
dispõe de uma publicação no site www.ibedec.org.br denominada Cartilha do
Consumidor – Especial Construtoras que enfocam estes e outros problemas na
compra de imóveis novos e usados. O download é gratuito.
IBEDEC - Instituto
Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo
Avenida Coronel Colares Moreira, 444, 4º Andar, sala 413-415. Ed. Monumental Shopping- Renascença II- São Luís Fone: (98) 3227-2965 e 3268-7357
Site: www.ibedecma.blogspot.com E-mail: ibedecma@gmail.com
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